O fim de uma era.
” O fim de uma era” apesar de soar clichê – afinal – esse é o último filme de Daniel Craig no papel de 007, não há termo melhor para definir “Sem Tempo Para Morrer”. Servindo como sequência direta dos anteriores, o longa repete os acertos dos elogiados “Cassino Royale” e “Skyfall”, comete erros, mas ainda sim entrega um encerramento digno e memorável.
O longa tem uma sensação de épico desde sua abertura de tirar o fôlego. A direção de Cary Joji Fukunaga não deixa nada devendo para Sam Mendes (Skyfall), entregando a comentada grandiosidade, mas também tensão e emoção. O ritmo de “Sem Tempo Para Morrer”, é algo para ser invejado dentro de tantos longas do gênero, equilibrando de forma perfeita o investimento emocional e a ação. Priorizando principalmente o primeiro ponto o que organicamente se conecta a jornada de Craig como 007, continuando a humanização do clássico personagem.
O roteiro escrito por uma grande equipe: Cary Fukunaga, Phoebe Waller-Bridge, Neal Purvis, Robert Wade e outros… subverte expectativas e momentos costumeiros da franquia, preenche o filme de reviravoltas e traz um encerramento para a Era Craig que nenhum outro ator no papel de 007 teve. O romance – pouco desenvolvido – visto em Spectre, entre Bond e Madeleine (Léa Seydoux) aqui é aprofundado e ganha novas camadas. Ainda sobre o roteiro, Phoebe Waller-Bridge (roteirista de Fleabag) deixa sua marca em diálogos e situações, respondendo de forma discreta muitos estereótipos da franquia.
No elenco Daniel Craig está impecável novamente, continuando a jornada de humanização do agente mais famoso da cultura pop, apresentando uma faceta agora mais madura apesar de ainda carregar os traumas dos outros filmes, fechando um ciclo orgânico. Léa Seydoux como Madeleine tem uma evolução grande em comparação ao filme anterior, sendo agora uma das personagens mais interessantes do longa e entregando uma atuação sólida. Jeffrey Wright (Felix Leither), Ralph Fiennes (M), Ben Whishaw (Q), Lashana Lynch (Nomi), Christoph Waltz (Blofeld) e Naomie Harris ( como Moneypenny) tem participações significativas e estão competentes em seus papéis. Um grande destaque fica por conta da participação de Ana de Armas (como Paloma) que rende muita química com Caig, subverte o papel de “Bondgirl” e esbanja carisma. O ponto mais fraco do elenco e do texto, fica por conta de Rami Malek como Safin, um antagonista que evoca referências ao Dr. No (vilão clássico da franquia 007), mas que não se sustenta. Falta espaço e motivações para ele ser memorável e ainda que seja ameaçador, muitas de suas decisões parecem apenas seguir conveniências de roteiro em um texto que parecia tão maduro até então.
Falando sobre conveniências de roteiro, muitas delas começam a surgir no ato final do filme o que destoa um pouco do texto maduro que estávamos acompanhando anteriormente, apesar disso, elas não comprometem o final emocionante e poderoso do longa.
A trilha sonora do sempre competente Hans Zimmers embala os momentos grandiosos e mais uma vez retrabalha o tema clássico. O destaque fica mesmo por conta da belíssima canção de Billie Eilish, poética, sombria e cheia de emoção que embala uma das aberturas mais belas de toda a franquia 007.
Somando mais acertos do que erros, “ 007 – Sem Tempo Para Morrer ” é um final digno, memorável e emocionante para a Era Craig. Uma era que deixará sua marca na franquia e na cultura pop. Resta apenas esperar para que a próxima Era de 007 mantenha a qualidade sem enfrentar “Quantum’s Of Solace” e “Spectre’s” no caminho…
Nota: 8/10
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