Oxigênio, filme recém lançado pela Netflix, conta com Mélanie Laurent no papel de uma mulher que, presa numa misteriosa cápsula, precisa escapar antes que o oxigênio acabe, ao mesmo tempo que não faz ideia de quem é ou o que está fazendo.
O filme dirigido por Alexandre Aja contém fortes inspirações conceituais em obras como Enterrado Vivo e Passageiros. É o típico sci–fi que traz à tona reflexões filosóficas sobre ética e inteligência artificial. É acertada a decisão do roteiro de apresentar aos poucos as principais pistas sobre o que realmente está acontecendo. Uma noção mais concreta só é possível a partir do terceiro ato do filme.
Pela limitação de espaço, o roteiro precisa constantemente achar formas de manter sua atenção, seja com suposições, pequenas pistas ou flashbacks. Evidentemente, essa não é uma tarefa fácil, um filme nesses moldes já é um baita desafio criativo para qualquer diretor ou roteirista. Felizmente, tenho o alívio de dizer que aqui toda a 1 hora e 40 minutos de duração foi conduzida de forma adequada. Como são lançados apenas fragmentos sobre a trama geral, não existem muitos personagens no filme. A protagonista, interpretada por Mélanie Laurent tem uma presença impressionante. Como a câmera está bem próxima do rosto da atriz o tempo todo, é possível ver de perto as emoções dela e o sufoco que está passando. A atriz tem sucesso em passar emoções diferentes na medida e na hora certa ao longo do filme, mesmo com todo o espaço e movimentos limitados.
A resolução chega a surpreender, há aqui possíveis referências ao momento atual do mundo, numa abrangência muito maior do que se espera para um filme como esse. O orçamento, que foi economizado nas cenas fechadas, encontra no final uma oportunidade de fazer com que Oxigênio seja um ponto fora da curva entre as produções mais recentes da Netflix. Eu esperava, porém, um melhor aprofundamento na personagem principal que, apesar de acertar em cheio nas cenas de drama, só serviu de peão para a conclusão final de uma trama que é muito maior que ela mesma.
Oxigênio é um filme honesto. Confesso que tenho certo preconceito com produções europeias por terem pouca abordagem na fantasia e ficção científica com orçamentos dignos para tal, mas nesse caso me surpreendi. A produção francesa não chega aos pés de aclamados filmes de ficção científica como Interestelar e Gravidade, mas sem dúvida está um salto à frente da maioria esmagadora do restante da Netflix.