Você já ouvi falar no termo “grimdark”? Se a resposta for não, acomode–se e não se preocupe, pois explicarei hoje um subgênero que a cada dia cativa novos consumidores, mas para ilustrar tais lições, nada melhor do que incluir vídeo games no meio, não? Por isso escolhi o que acredito ser o melhor jogo de fantasia “grimdark” que temos no mercado.
Não conhece muito de Dragon Age também? Não se preocupe, explicarei sua incrível proposta também neste artigo. Comecemos pela produção, então. Dragon Age é um jogo de RPG desenvolvido pela Bioware e distribuído pela EA, cujo primeiro jogo da saga, Dragon Age: Origins, cativou uma legião de fãs e consolidou mais uma série de jogos neste massivo mercado de jogos eletrônicos.
Mas o que torna Dragon Age tão cativante e por que ele está associado à fantasia “grimdark”? Bom, após as obras de J. R. R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis”, uma legião de leitores foi inspirada por histórias de contos de fadas, onde magias sondavam reinos com espécies fantásticas, como anãos mineradores e construtores das mais belas arquiteturas, elfos guardiões das florestas mais exóticas, povos guerreiros e magos poderosos na luta contra orques, gobelins e feiticeiros do mau.
É lógico que essa inspiração também resvalou em futuras gerações de escritores, que, como no caso de Robert Jordan, escritor de fantasia responsável pela série “A Roda do Tempo”, decidiram homenagear os tropos apresentados por estes escritores clássicos, apenas expandindo suas histórias em seus próprios mundos e dotando o enredo com uma maturidade mais elevada.
E há, igualmente, escritores que decidiram subverter estes tropos fantásticos e criar uma narrativa que, ainda que fantástica, tenha foco no realismo e em um mundo cinzento, idealizado com um pessimismo pós–modernista e se apropriando de preceitos que buscam chacoalhar as impressões iniciais de um leitor, espectador, jogador, de forma a revigorar seu interesse por um mercado sólido porém saturado.
Dragon Age não nega suas inspirações nas obras de George R. R. Martin, responsável pela aclamada “As Crônicas de Gelo e Fogo.” Mas, diferentemente de Martin, Dragon Age não exclui espécies clássicas, como elfos, anãos, entre outras criaturas fantásticas conhecidas. Porém, e aqui entramos no meio “grimdark”, Dragon Age não demora em tratar temas de corrupção, fanatismo religioso, intrigas políticas resultantes da rivalidade entre magos e guerreiros, e seu diferencial, que são as invasões demoníacas, mais servem para contrastar a dualidade cinzenta presente a todo momento enquanto jogamos.
Podemos assumir diferentes papeis em cada jogo, mas os temas sempre serão incertos, e os personagens que acompanhamos são igualmente os resultados deste arco–íris de tons de cinza. Mas por que “Grimdark”? O termo se origina do universo de Warhammer 40,000, conhecido jogo de tabuleiro que popularizou o tema de fantasia sombria e durante muitos anos serviu de estandarte para um subgênero cada vez mais popular. Se você não jogou Dragon Age, recomendo fortemente, agora, se me derem licença, vou ali fazer umas quests!