O evento de jogos da Microsoft ocorrera há pouco tempo e com ele tivemos anúncios de diferentes conteúdos chegando ao Xbox. Eu estava pensando em fazer um balanço geral aprofundadamente com as novidades, porém, o trailer de gameplay de Starfield repercutiu em várias discussões que separaram as opiniões de muitos.
Inúmeros elogiaram o que foi mostrado, inúmeros criticaram, mas a maior parte das incertezas deveu–se ao simples fato de que a escala de um jogo como esse é rara, ou seja, os jogadores estão tendo dificuldade em saber sobre o que se trata Starfield.
Neste breve artigo, procurarei sanar essas dúvidas. E a primeira coisa que vale salientar é o fato de que o estúdio que produz o jogo é a Bethesda Game Studios, talvez a maior desenvolvedora de RPG do mercado. Ao contrário do que muitos pensam, o RPG não está somente relacionado à história.
O conceito do RPG remonta aos clássicos jogos de tabuleiro, os quais serviram de fonte para a criação de Dungeons & Dragons, um sistema que apresenta inúmeras mecânicas que podem ser utilizadas pelos jogadores para interagir com um cenário fictício, cenário este que é apresentado por um outro jogador por meio de uma narração.
Apesar de a história ser um ícone central, o RPG nunca se resumiu a isso. Oferecer mecânicas como cozinhar, pescar, construir, minerar, comercializar, enfim, a lista de verbos segue… e com ela a observação de que todos estes elementos congregam a temática do RPG, que nada mais é do que a sistematização de mecânicas espelhadas no cotidiano (ou não), que convergem na temática do sistema proposto.
A Bethesda sempre foi capaz de oferecer esses elementos competentemente em seus jogos. Em Fallout 4, tínhamos a habilidade de apoderamo–nos de uma instalação e construirmos um posto avançado nela, posto esse que poderíamos abastecer com recursos e personagens, criando um sistema interativo pelo qual conquistaríamos recompensas extras.
Em Skyrim, fabricar poções e modelar armamentos em uma bigorna também eram mecânicas presentes. Em Starfield, teremos vários desses elementos convertidos numa temática de ficção científica, além de acrescentar novas mecânicas, como o ato de minerar recursos naturais e construir laboratórios e naves.
O erro de muitos, creio eu, é apontar para outros jogos, como No Man’s Sky, e utilizar as semelhanças mecânicas e temáticas para definir erradamente o foco do jogo. De quem critica, é comum o argumento de que “esse negócio é simplesmente uma cópia descarada de No Man’s Sky”, e de quem critica é comum ouvir–se “O foco da Bethesda sempre foi na narrativa, a exploração de recursos é somente uma opção”. Os dois estão errados, no meu ver.
Você pode sim ter uma mecânica igual, como minerar ou construir objetos, e elas servirem, ainda assim, a propósitos diferentes. No caso de No Man’s Sky, as mecânicas de construção de itens servem à exploração, e em Starfield, estas mesmas mecânicas também servirão ao propósito do jogo, e congregam ainda mais no que um bom RPG deve ter: mecânicas que contribuam na imersão do jogador e nas escolhas que o mesmo faz dentro daquele cenário. Ou seja, as duas mecânicas, embora iguais em temática, servem a propósitos diferentes, e está tudo bem!
O primeiro jogo tivera um lançamento desastroso, mas reconquistou sua base de jogadores coma atualizações consistentes e polimentos necessários. Este último, no entanto, promete ser aquilo que sempre vimos do estúdio, porém, em um escopo maior, e apesar de sim ter minhas ressalvas, como um combate que não me parece o dos melhores e uma otimização que ainda me deixa com uma pulga atrás da orelha, qualquer um que goste de vídeo games poderá ver possibilidades incríveis que esse universo promete. Eu, como um fã de clássicas histórias de ficção científica, de autores como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke e Phillip K, Dick, não poderia estar mais animado com esse jogo. As estrelas nos aguardam, camaradas!