A Maldição do Wendigo | Resenha do segundo livro da saga O Monstrologista

“Outiko não é caçado; Outiko Caça.

Você não chama Outiko. Outiko chama você”

 

O autor Rick Yancey traz o segundo livro de sua trilogia O Monstrologista, uma criatura da mitologia dos indígenas norte-americanos já vista em jogos como Until Dawn e na série Supernatural da Warner Bros. O temido Wendigo.

Neste segundo livro continuamos seguindo a história de Yancey atrás das verdades dos diários encontrados do senhor que dizia ter sido infectado com um vírus que prolongava a vida, além do próprio protagonista Will Henry e o monstrologista Dr. Pellinore Warthrop.

A história tem inicio num cenário já conhecido, o enorme casarão antigo de Dr. Pellinore Warthrop; que durante uma tarde chuvosa bate a porta uma mulher muito bonita e conhecida do monstrologista chamada Muriel veio a sua procura, seu marido John Chanler – um dos mais antigos e melhor amigo de Pellinore, que desapareceu durante uma expedição atrás de uma criatura conhecida como Wendigo.

Uma das poucas e mais notáveis diferença do primeiro livro para este, é o ceticismo de Pellinore a ponto de esnobar Muriel e tentar convencer a todos que tal criatura não existe.  Porém, ele sai juntamente com Will Henry em busca de seu amigo na cidade de Rat Portage, no qual durante a viajem ocorrem coisas realmente estranhas e assustadoras que poderiam se encaixar perfeitamente na subcategoria do gore. Como se fosse uma preparação para o que estava para vim nas próximas páginas, onde finalmente encontramos Chanler num estado degradante e que os nativos daquela área garantem que o pobre homem está possuído pelo espírito do Wendigo. Neste momento o suspense acompanhado do terror e horror se faz presente no livro.

Outra diferença do livro é que não somos convidados a resolver um quebra cabeça, mas convidados a discutir com personagens se a criatura é real como muitos afirmam ser ou concordar com o ceticismo de Pellinore. Os leitores ficam divididos entre: John Chanler ficou realmente louco com tudo o que passou ou tornou-se um wendigo?

O final da obra consegue surpreender mais do que O Monstrologista, que para muitos foi algo irritante ou até mesmo inesperado.  Yancey não teve medo na hora de escrever o último capítulo e muito menos o epílogo.

 

 “É chamado de Atchen, Djenu, Outiko, Vindiko. Possui uma dúzia de nomes em uma dúzia de terras, e é mais antigo que as montanhas Will Henry.  Come, e quanto mais come, mais faminto se torna. Tem fome mesmo enquanto se empanturra. É a fome que não sacia.

Na Língua dos Algonquinos, seu nome significa literalmente: aquele que devora toda a humanidade”

 

A escrita descritiva ainda continua e desta vez parece mais intensa, tenebrosa, com detalhes realmente assustadores de tão construído que é o cenário. O suspense cerca o leitor, ficamos submersos no enredo e nos preparando para mortes de vários personagens.

É um livro ainda mais cativante do que o primeiro, cheio de reviravoltas, tramas que mostram mais do passado de Pellinore e os sentimentos de Will Henry sobre tudo que lhe ronda, ensinando um pouco mais sobre a mitologia norte-americana.

Novamente, Rick Yancey, surpreende e não deixa desejar. É impossível resistir em não querer saber onde a narrativa ira te levar, somos pegos pelo passado do monstrologista e conseguimos entender melhor o modo dele ser, ficamos encafifados com a criatura mostrada para nós. Talvez alguns leitores sintam um certo cansaço ao ler, mas aqueles que já foram pegos pelo carisma do autor vão consumir o livro rapidamente.

O bom de cada livro da saga é que nenhuma parte é jogada a toa no decorrer do enredo, tudo se liga no final fazendo sentido em cada questão levantada, o autor sabe utilizar muito bem os elementos surpresas além de não apresentar diversos monstros de uma vez só e apenas focando um para tirar o maior proveito dele para a história. O segundo livro leva mais elementos de aventura do que o primeiro livro, talvez por O Monstrologista se passar em apenas numa noite enquanto A Maldição do Wendigo ocorre em vários dias e pode ser construído de forma melhor.

A sinopse oficial:

Como aprendiz do Dr Pellinore Warthrop, Will Henry viveu uma vida dedicada à monstrologia, o estudo dos monstros. Mas, quando o dr. Warthrop recebe a notícia de que seu antigo mentor, o dr. von Helrung, está tentando provar a existência do mítico Wendigo — Aquele que Devora toda a Humanidade, uma criatura que tem fome mesmo enquanto se empanturra de carne humana —, o mundo de Will é atirado em um turbilhão. Will e o dr. Warthrop precisam atravessar as florestas desoladas do Canadá… E, no processo, talvez descubram uma verdade muito mais aterrorizante do que eles poderiam imaginar. Rick Yancey retor na ao mundo de O monstrologista com um livro que explora os co nfi ns mais profundos e escuros do mundo — e do coração humano.

Assim como o primeiro livro, A Maldição do Wendigo é publicado no Brasil pela editora Farol Literário, contendo 480 páginas e podendo ser adquirido em diversas livrarias pelo país.

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