Antes de nos aprofundarmos nos pontos negativos que infelizmente foram muitos ao longo do episódio, vamos ao que funcionou. O que funcionou, mais especificamente, se concentrou nos minutos finais. Marc Spector desperta em uma clínica psiquiátrica logo após ser baleado por Harrow e vemos pela perspectiva dele que todos os elementos que conhecemos nos episódios anteriores, incluindo coadjuvantes e até o próprio vilão, não passam de um grande delírio da mente doente de Marc. (ou será que não?)
Todo esse trecho se trata de uma adaptação fidedigna do quadrinho de Jeff Lemire onde o principal conflito que move a trama é exatamente o mesmo. O design de produção brilha e a fotografia evidencia as cores brancas e gritantes aos nossos olhos. O sentimento de angústia, impotência e desespero de Marc é brilhantemente representado por Oscar Isaac além de ser muito envolvente. Junto com todos esses acertos está a trilha sonora que contribui muito a atmosfera de toda essa confusão mental, revisitando os temas anteriores e os elevando.
A loucura e subjetividade atingem seu ápice dentro da sala de Arthur Harrow até Marc correr pelos corredores e se reconectar com Steven, e então… Surge a figura mais bizarramente-cômica que o MCU já apresentou e em um CGI bastante… duvidoso.
Glória de Madagascar em uma participação especial.
O poder da subjetividade e o potencial de quebrar nossa convicção do que conhecemos nos episódios anteriores acabam sendo arruinados pela participação pra lá de cômica e “fantástica”. E é exatamente aqui que os elogios acabam. Antes da conclusão no manicômio, o episódio foi preenchido por um misto de Indiana Jones e a Múmia, só que pouquíssimo inspirado. Cheio de facilitações narrativas pra lá de forçadas como o personagem entrar numa sala e de repente desvendar tudo e encontrar o caminho. Os heróis entrarem no templo subterrâneo muito depois dos vilões e ainda sim, encontrarem a tumba perdida primeiro. E o pior de tudo, um trecho envolvendo uma múmia ou seja lá o que for a “criatura” onde a direção e a fotografia beiram ao ruim. Sim, a fotografia elogiada acima nos momentos do manicômio, aqui apresentam um breu onde é impossível enxergar qualquer coisa. A intenção é conduzir um suspense e mistério no adversário que surge, mas simplesmente não funciona. Não é possível enxergar nada e a direção falha em dar vida a esses sentimentos citados.
Outras passagens mornas completam o miolo do episódio como a revelação sobre o passado de Layla por Harrow um momento que apesar do potencial não chega a lugar algum seja pela direção ou o texto, e a dinâmica do conflito Marc/Steven que falha em criar momentos cômicos e somente atrapalha o ritmo.
Cavaleiro da Lua é uma série que a cada episódio se torna uma promessa que nunca se cumpre. Um potencial que nunca é atingido. Uma falha do showrunner Jeremy Slater e da equipe criativa, principalmente no que tange os aspectos do roteiro. Temos uma série que se propõe a explorar o drama humano de seu personagem, o que é o elemento mais atraente até agora, e que também se propõe a ser um seriado de super-herói e explorar uma aventura ala Indiana Jones com elementos da cultura egípcia, mas que peca gigantescamente nessa segunda proposta. Ficando apenas no morno. Uma pena… um desperdício. Resta apenas torcer para que os próximos dois capítulos recuperem o fôlego e atinjam essa promessa que se mantém desde o primeiro episódio.
A caminho de sua rota final, o seriado congela numa promessa que nunca se cumpre. Quando o episódio brilha em seus momentos finais já é um pouco tarde e a infame comédia e didatismo minam qualquer mérito.
Nota: 5,5/10