Polemizada nos últimos meses pelo efeito manada da internet por conta dos efeitos visuais um tanto inacabados, Mulher-Hulk finalmente estreou no serviço de streaming do Disney +. Dirigido por Kat Coiro e roteirizada por Jessica Gao, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis é a quinta produção do Universo Cinematográfico da Marvel esse ano. A quinta. Os Super-Heróis ainda vão monopolizar o entretenimento? Bom, isso é assunto para outro texto porque Mulher-Hulk é uma surpresa e tanto.
Em teoria não há nenhuma inovação no primeiro episódio de Mulher-Hulk. A série carrega a já conhecida fórmula cômica da Marvel embora aqui o direcionamento do humor seja um pouco mais adulto do que o habitual, introduz uma personagem inédita e carismática e conta uma clássica história de origem. São elementos já vistos no Universo Cinematográfico Marvel e principalmente nessa nova fase que busca introduzir novos personagens, mas ainda que sejam elementos que já estamos acostumados merecem ser exaltados quando são bem desenvolvidos. Quanto a uma inovação, talvez a coisa mais diferente que a série estabelece em seu primeiro capítulo seja a metalinguagem e um olhar um pouco mais “cotidiano” do universo Marvel.
Dentro do universo já conhecido de filmes e séries, a Mulher-Hulk é uma das personagens mais interessantes para fazer sua estreia nessa fase tão experimental do estúdio. Desde que foi reformulada em sua fase solo nos quadrinhos com a marcante marca de John Byrne, Jennifer é uma das super-heroínas mais interessantes da Marvel. Um dos primeiros méritos da série é notar um olhar muito apegado pelo material original no que se trata das escolhas criativas e do texto.
Tatiana Maslany como Jennifer Walters, a Mulher-Hulk, é mais uma feliz adição a esse rico universo. Ela é carismática, tem um timing de humor excelente e traz uma característica de “mulher comum” a sua personagem que funciona. Fora isso, sua química com Mark Ruffalo, o Hulk, está ótima em tela. O capítulo até pedia um pouco mais sobre a interação dos dois e talvez até uma maior explicação da relação familiar inédita que agora vemos em tela.
Por outro lado, sua contraparte em CGI, a Mulher Hulk de fato, merecia mais tempo de tela também. A computação gráfica tão criticada pela internet nos últimos meses apresenta um acabamento muito melhor nesse primeiro capítulo, convencendo e entregando um visual satisfatório que lembra muito a Mulher Hulk da fase de Byrne.
Porém, como as recentes produções do Universo Marvel, muitas ressalvas vem acompanhadas dos elogios. Os maiores problemas desse primeiro capítulo se apresentam na montagem que nos momentos envolvendo o CGI parece encurtar ou “resumir” cenas. Os casos mais gritantes aparecem logo nos momentos iniciais onde Jennifer se transforma pela primeira vez e nos minutos finais durante uma rápida cena de ação no tribunal. Essa última cena em específico se torna até difícil de compreender comprometendo completamente a direção. A impressão que permanece é que essa foi uma escolha para mascarar efeitos inacabados. Resta apenas torcer para que os próximos capítulos sejam mais felizes nesse aspecto…
Com um início agradável e promissor, Mulher-Hulk faz sua estreia no Universo Cinematográfico Marvel. Apesar dos problemas na montagem, o humor compensa e o bom uso de metalinguagem promete uma série marcante e divertida que fará jus as melhores fases da personagem nos quadrinhos.
Nota: 7,5/10