O primeiro Vingadores lançado em 2012, dirigido por Joss Whedon foi inegavelmente um impacto gigantesco na cultura pop. A ideia de um universo cinematográfico onde um filme leva ao outro até um filme maior ainda e com um retorno financeiro muito positivo, foi uma ideia nova que todos os outros estúdios cresceram os olhos. De 2012 pra cá muitos tentaram, Universal Pictures com seu Darkverse, Warner Bros com seu DCEU, Warner Bros com o Invocaverso, Warner Bros com o Monsterverse do Godzilla… (é, temos que dar o braço a torçer para a Warner) e finalmente a Sony com uma ideia no mínimo estranha de um universo de vilões do Homem-Aranha. Essa ideia mostrou se mostrou forte com o Espetacular Homem Aranha 2, um filme muito prejudicado por essa ideia porque estava mais preocupado em tentar estabelecer um universo do que contar uma história. Esses planos pareciam mortos até então, porém, quando a Sony e a Marvel estabeleceram um acordo para usar o Homem-Aranha no filme dos Vingadores, a ideia pareceu se reacender e… o primeiro filme do Venom foi feito.
Venom lançado em 2018 estrelado por Tom Hardy, é um péssimo filme. É genérico, tem um roteiro péssimo, não tem um pingo de charme, parece um produto ruim vindo diretamente do início dos anos 2000. No entanto, ele “funcionava” independente. Não parecia haver intenções de um universo compartilhado, até mais filmes desse universo serem anunciados como Morbius, Venom 2, Kraven, Madame-Teia e seja lá mais quais ameaças a Sony guarda em suas gavetas. Eis que o primeiro problema se apresenta, não há uma estruturação de um universo e isso se mostra presente principalmente na cena pós crédito do recente e horrendo Morbius (ainda pior que os dois filmes do Venom), simplesmente o Abutre de Michael Keaton surge naquele universo, sem explicação alguma, e eles decidem ir “atrás do Homem-Aranha”. A problemática, enfim, surge. Morbius lançado esse ano é um filme ainda pior que Venom e se não bastasse ser um filme péssimo em cada aspecto possível, ele esteve envolto de propagandas enganosas. Como pôsteres do Homem-Aranha aparecendo em trailers, prédio da Oscorp, elementos que o próprio diretor Daniel Espinosa desconhecia. Ou seja, uma conexão criada as pressas pelo marketing para tentar sugar a popularidade do universo do personagem.
Venom, Venom: Tempo de Carnificina e Morbius, são filmes ruins, mas eles tiveram um retorno financeiro? Sim, tiveram. O mérito, no entanto, não está na qualidade e sim, na popularidade que a marca Marvel traz hoje em dia e com isso a adoração aos super-heróis. A Sony já usou pequenas conexões com o Homem Aranha do Tom Holland e agora parece usar um dos vilões do MCU, o Abutre de Michael Keaton. É a forma perfeita de atrair esse público para as produções deles. Com isso, mais filmes movidos mais pelo departamento financeiro do que o criativo, vão lotando os cinemas. O próprio MCU já sofre com críticas a respeito de sua monopolização no cinema, com 4 produções por ano que lotam as grandes telas e 4 ou mais séries mantendo o engajamento em seu universo sempre constante. Sim, há problemas nisso também, mas as produções chefiadas por Kevin Feige, ainda conseguem trazer um produto que diverte, conta uma história redonda e criam personagens carismáticos, e que ultimamente andam tentando ousar em algum ponto. Morbius por outro lado, é o quê? um filme completamente vazio. Sua coesão narrativa é nula, seus personagens não possuem carisma, as cenas de ação são um caos visual e ele surfa por todas as convenções possíveis do gênero entregando simplesmente o pior produto que passou esse ano pelos cinemas. Há alguma dúvida que as próximas produções seguiram o mesmo caminho? El Muerto… (Que Deus nos ajude!)
Enquanto a Sony segue o caminho para seu universo de vilões, há uma parcela do público na internet mantendo o engajamento desses filmes com seus famigerados memes. Até certa altura é divertido, no passado, filmes como The Room alcançaram a fama assim. No entanto, quando esses memes trazem um filme péssimo de volta aos cinemas para continuar lucrando dando mais chance para esse universo produzir novas produções é no mínimo problemático. O ponto é que, o cinema já enfrenta problemas o bastante com a lotação de filmes de super-heróis, apenas para surgir mais produções e dessa vez sem o mínimo de qualidade. Quanto mais filmes de Morbius lotam os cinemas, filmes que pouco desafiam o público e continua mantendo os super-heróis sufocando o resto de outras produções, mais perdemos. O público perde com isso, fica cada vez mais preso e acostumado com a mediocridade e aos poucos negando apreciar outras obras e os estúdios ganham, afinal, não importa o quão pobre seja o produto se o público aceitar. A lógica de produções do canal Syfy como Sharknado, Titanic 2 aos poucos vai tomando produções milionárias e lotando mais cinemas. Não parece uma boa ideia, não é?
Por fim, chegamos a conclusão. O “aranhaverso” da Sony parece que vai continuar sem coesão narrativa, sem construção de universo e se aproveitando da popularidade do MCU. O público só tem a perder com produções do gênero. Fica a reflexão, na cultura dos memes e o humor acima da razão, péssimos filmes do gênero de um “passado recente” como Mulher-Gato da Halle Berry, Elektra da Jennifer Garner, Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, Lanterna Verde, X-Men Origins Wolverine seriam adorados a troco do humor e gerariam sequências e universos cinematográficos? É um exercício interessante a se pensar.