Cidade Invisível | Confira nossa análise sobre a mais nova produção brasileira sobre o folclore!

Um policial que, após ter sua esposa misteriosamente morta em um incêndio na floresta, encontra um boto cor de rosa em plena praia do Rio de Janeiro. Esse é o primeiro passo para que sejamos apresentados a uma mitologia que ronda seres folclóricos inseridos secretamente na nossa sociedade.

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A série, idealizada pelo escritor Raphael Draccon e Carolina Munhóz, é um projeto que vinha sendo desenvolvido desde 2013 e finalmente viu a luz do dia no início de 2021. A produção é original Netflix e 100% brasileira, tendo o nosso folclore como o grande motor da narrativa. Aqui vemos Eric, interpretado por Marco Pigossi, que se empenha em desvendar o caso do misterioso boto encontrado numa praia do Rio enquanto sua vida pessoal desaba diante de seus olhos. Com dificuldades de criar a filha ainda abalada pela morte da mãe, Eric se vê num beco sem saída entre uma vida pessoal em frangalhos e a investigação sobre algo tão grande que ele sequer é capaz de compreender.

Logo de início, o público é imerso num rico universo de seres fantásticos inseridos no dia a dia da população. Os seres, que são uma respeitosa releitura dos personagens folclóricos que todo brasileiro conhece desde a infância, são forçados a sair do oculto para enfrentar uma ameaça que põe em cheque a sua existência.

É evidente aqui a competência de cada membro da produção em trazer algo totalmente novo em quesitos visuais e de ambientação. As produções nacionais, que normalmente carecem de efeitos especiais que tornem a experiência esteticamente marcante, recebem aqui um super trunfo. Todas as cenas que envolvem criaturas fantásticas com algum tipo de computação gráfica são extremamente bem filmadas. A série não poupa esforços em mostrar as criaturas em sua melhor forma.

Cidade Invisível Curupira | Tem Alguém Assistindo?

Falando nas criaturas, um ponto interessante é como cada uma delas, em sua maioria, têm uma boa apresentação e desenvolvimento. O roteiro constantemente se preocupa em apresentar detalhes nas caracterizações que deem pistas sobre a natureza dessas criaturas e suas habilidades, obrigando o espectador a juntar as pistas para descobrir mais sobre. O fator nostalgia das histórias folclóricas que ouvíamos quando criança é perfeitamente unido com um um ”Q” de originalidade que dá um gosto especial para a série. E olha que nem precisei citar o elenco espetacular que dá vida a esses personagens.

Outro ponto que chama atenção aqui são as locações escolhidas para os acontecimentos da série. Apesar de se passar na cidade do Rio de Janeiro, a história dá ênfase aos lugares onde se localizam comunidades que sobrevivem em meio a floresta. Esse aspecto não só contribui muito para a ambientação como também foge do padrão das produções brasileiras que normalmente exaltam a parte mais urbana da cidade. Através disso a série também consegue passar uma importante reflexão a respeito de como lidamos com as questões ambientais e como isso é vital não só para a preservação, mas também para a sobrevivência de comunidades locais com seus costumes e tradições.

Cidade Invisível | Site Oficial Netflix

Como nem tudo são flores, teve algo em específico que me deixou particularmente incomodado ao longo da temporada. Infelizmente a velha fórmula de produções nacionais que utiliza de diálogos extremamente expositivos para contar algo está presente aqui. Muitas cenas em que o espectador poderia imaginar ou deduzir por si só se tornam decepcionantes pelo fato de tudo estar explicado de forma bem didática nos diálogos entre os personagens, o que infelizmente estraga a experiência volta e meia.

Cidade Invisível passa longe de ser uma série perfeita, mas é uma baita inovação da forma de se fazer cinema no Brasil. Consegue prender muito bem a atenção do público do início ao fim, com um roteiro incrível e personagens cativantes. Espero que com sua grande repercussão nacional e internacional, mais artistas, escritores e roteiristas brasileiros entendam que é possível sim fazer um grande trabalho dentro do gênero de fantasia, ainda mais com a vasta gama de personagens folclóricos da nossa cultura.

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