Fruto da parceria entre George Lucas e Steven Spielberg, Indiana Jones é sem dúvida o aventureiro mais famoso dos cinemas. Vivido pelo astro Harrison Ford, o personagem é conhecido pela saga de filmes que se iniciou na década de 80 e ganhou uma continuação em 2008, sem contar com o próximo filme que está agendado para 2022.
O que muitos não sabem é que um famoso explorador do século XX, em sua busca por uma cidade perdida na Amazônia, foi a principal inspiração para sua criação por parte de Lucas e Spielberg.
Nascido na Inglaterra em agosto de 1867, Percy Harrison Fawcett teve contato desde cedo com cursos de navegação e arqueologia, assuntos pelos quais sempre se interessou. Mas foi no exército britânico que construiu sua carreira, trabalhando até para o Serviço Secreto durante a Primeira Guerra Mundial.
Em uma de suas viagens Fawcett encontrou pessoalmente o escritor H. Rider Haggard, conhecido pelo livro As Minas do Rei Salomão, que lhe apresentou uma estatueta de basalto que dizia pertencer a uma antiga cidade escondida no interior da Floresta Amazônica, no Brasil.
Anos depois, em idas e vindas para o Brasil em nome da Royal Geographic Society, Fawcett pôs as mãos em um documento chamado de Manuscrito 512, que também referenciava a existência da tal cidade oculta na Amazônia, mais especificamente na Serra do Roncador no estado do Mato Grosso.
Segundo o documento, a serra ocultaria uma espécie de portal para uma cidade subterrânea fundada por seres sobreviventes da antiga Atlântida.
Fawcett, obrigado a interromper suas buscas devido ao serviço que prestou na Primeira Guerra, resolveu retornar ao Brasil em 1925 para encontrar definitivamente a cidade perdida, a qual arbitrariamente intitulou de “Z”. Apelido que se deu pelo fato de Z ser a última letra do alfabeto, assim como o explorador sentia que esta seria sua última expedição em vida. Antes de partir, deixou uma carta para seus conhecidos e familiares pedindo para que caso ele não retornasse, eles não fossem à sua busca, uma vez que ele teria alcançado seu objetivo e encontrado a cidade perdida.
Acompanhado pelo filho Jack Fawcett e pelo amigo Raleigh Rimmell, Percy adentrou na Baía do Rio das Garças, no Mato Grosso, aonde se juntou a guias locais que o ajudariam em sua jornada.
Fawcett e sua equipe foram vistos pela última vez pelos índios Kalapalo, que os abrigaram em sua aldeia durante parte da jornada rumo a Cidade Perdida de Z. Após seu último contato com o restante do mundo através de cartas, em 29 de maio de 1925, Fawcett ficou desaparecido desde então. Durante muitos anos foram feitas expedições em sua busca, mas nenhuma teve sucesso. Estima-se que, apenas na primeira metade do século XX, centenas de homens tenham perdido a vida ou simplesmente desaparecido nas buscas pelo explorador.
O desaparecimento de Fawcett até hoje continua um mistério, embora haja inúmeras especulações e até teorias da conspiração sobre o que pode realmente ter acontecido. Enquanto índios da região que chegaram a conviver com o explorador em algum momento acreditam que ele simplesmente se perdeu na mata e morreu por falta de recursos ao lado de sua equipe, há quem jure de pé junto que Fawcett está vivo até hoje e reside na suposta cidade subterrânea junto com seu filho Jack e Raleigh Rimmell.
Como se a busca por uma avançada cidade subterrânea não bastasse, um dos filhos de Fawcett, Brian, chegou a compilar registros do diário de seu pai durante a viajem com relatos ainda mais surpreendentes. De acordo com os escritos de Expedition Fawcett, o coronel, enquanto navegava por uma espécie de pântano na América do Sul, chegou a atirar numa cobra de quase 20 metros de comprimento. Sua descrição não condiz com nenhuma espécie viva conhecida pelos pesquisadores.
O coronel chegou a relatar também que, em andanças pelos pântanos e florestas da Amazônia, testemunhou enormes rastros no chão, grandes demais para serem feitos por qualquer animal da região. Segundo Fawcett, a suposta criatura estaria vivendo nas profundezas dos rios e seria um sobrevivente da pré-história.
Em 2017, as aventuras de Fawcett pela Serra do Roncador ganharam um filme dirigido por James Gray e estrelado por Charlie Hunnam, arrecadando mais de 19 milhões de dólares em bilheteria.
O caso também já rendeu diversos artigos e livros, um deles escrito pelo brasileiro Hermes Leal, em 1996, que é considerado até hoje uma das fontes de informação mais confiáveis sobre o tema.
Independentemente do que realmente aconteceu com Percy Fawcett, as aventuras do “Indiana Jones da vida real” em sua busca pela Cidade Perdida de Z estão entre os assuntos mais intrigantes que circundam a ainda tão misteriosa Floresta Amazônica.