Sabe aqueles jogos que você deixa passar batido sem nenhum motivo preciso, e que quando eventualmente joga xinga a si mesmo por não tê–lo jogado antes? Então, pois o mesmo aconteceu comigo com Dead Space.
Dando uma olhada no catálogo de retrocompatibilidade do Xbox 360, resolvi experimentar o primeiro jogo da série. Me assustei pela fluidez e modernidade do combate, com mecânicas funcionais mas sutis, além de uma história de horror clássica com a temática espacial. Devorei o jogo em pouco tempo, e como se não bastasse, logo em seguida devorei o segundo, mas a essência da franquia já está consolidada em minha mente, e por isso quero compartilhar com vocês o que acho que faz Dead Space tão imersivo em seu horror.
A primeira coisa que podemos salientar é a configuração inicial da narrativa. Imagine–se na órbita de um planeta distante, sendo um engenheiro aeroespacial que, estando em uma nave minúscula junto a uma população reduzida, embarca em uma jornada para saber o que houve com uma nave muito maior e que perdera comunicação com sua estação espacial.
O jogo demonstra logo de cara que algo está errado, visto que há destroços por toda parte, e algum tipo de força colide com sua nave, fazendo–nos ancorar naquele navio das estrelas. Tudo está escuro, e os objetivos são simples. Seu personagem não fala, tampouco emite reações além de um simples olhar e grunhidos.
Uma boa história consiste em contar muito com pouco, e quando trata–se de horror, isso é uma tarefa unânime. Se tudo o que é obscuro torna–se claro, não há o medo do desconhecido, mas se não se sabe nada, não há motivo para temer algo. Dead Space reina pois ele escalona muito bem os conflitos irradiadores, e com o auxílio da sua jogabilidade e dinamicidade, o jogador encontrar suas doses de terror de uma maneira muito mais introspectiva.
Combina–se isso a uma trilha sonora minimalista, onde os sons de tubulações, trens, ou o próprio vácuo, contrastam com a própria respiração do personagem, e a sensação de desconforto psicológico sempre será constante. O que não deixa de ser um jogo gostoso, pois todas as mecânicas são intuitivas, fáceis e satisfatórias, causando uma sensação difícil, mas brilhante: o medo fica confortável.
Recentemente a EA anunciou um “remake” do primeiro jogo, e pelo que vimos ele parece estar bem fiel. Se você ainda não jogou–o, jogue–o, e este próximo lançamento pode ser uma excelente via de entrada para o gênero. Bons sustos!