Manifold Garden finalmente chega ao PS4 repleto de puzzles interessantes e desafiadores, com um cenário minimalista mas bastante rico, onde cair pra cima e subir pra baixo não estão errados.
O jogo
Pra começar, não temos narrativa nenhuma. Manifold Garden é puramente um jogo de puzzles sequenciais, que para serem solucionados devemos modificar a orientação gravitacional e reposicionar objetos. As vezes a ordem é importante, as vezes existem uns pequenos detalhes não perceptíveis a primeira vista.
Esses objetos são cubos coloridos mas eles só podem ser movidos se sua orientação gravitacional coincidir com a dele, e quando não o faz, eles ficam congelados naquela posição. Geralmente eles são as chaves para abrir as portas para o próximo desafio, e nós podemos apenas move-los ou gira-los. Sim, só isso. Isso torna as coisas bem interessantes na verdade, trabalhar com ferramentas simples para resolver um problema complexo se mostrou curiosamente divertido.
O estilo de jogo lembra muito a famosa série Portal, da Valve. Além de ser um jogo de puzzles, claro, a interação mínima com o cenário, e até a jogablidade mesmo, em primeira pessoa, utilizando o cursor (no PS4 controlado pelo analógico direito, e pelo mouse no PC).
Mas uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o fato do cenário se repetir infinitamente em todas as direções, e isso ser uma mecânica proposital do jogo. Por exemplo, logo no início do jogo, precisamos saltar de uma plataforma pra outra sem uma ponte, e nem sequer a ação de pular. A solução é: se jogar do penhasco. Exatamente isso. Como tudo se repete, ao pular, podemos cair na plataforma que queríamos. Isso é muito interessante, traz novas possibilidades de movimento que muitas vezes vem a calhar.
Gráficos e Trilha Sonora
A qualidade visual de Manifold Garden é incrível. Todo o cenário tem uma design um tanto futurista, combinado com minimalismo, mas mantendo uma arquitetura clássica que lembra a renascença francesa, ou a nossa época colonial. Tudo é muito grande e amplo. Gostei bastante das árvores de cubos, com padrões de galhos e ramos sempre cúbicos, acrescentando muito com a temática do jogo. Excelente trabalho da equipe. O personagem não é visível em momento algum, o que faz um pouco de falta, pois temos sons de passos, mas isso é o de menos.
A trilha sonora é toda construída para ressaltar o aspecto amplo do cenário, e ressaltar nossa “pequeneza”. É bastante imersiva, mas ao mesmo tempo causa um pouco de aflição por também trazer a sensação de solitude. Com certeza esse é o objetivo mesmo, então está tecnicamente correto e bem executado.
Avaliação
Como jogador fã de puzzle, meu veredito é majoritariamente positivo, mas alguns pontos realmente me incomodaram.
É realmente muito interessante e divertido brincar com a gravidade, e imaginar maneiras novas de resolver cada cenário. É aquele tipo de dificuldade justa, nem muito fácil que deixa sem graça, nem muito difícil que você desiste. Bem equilibrado.
Mas o que me incomodou é não haver algum tipo de marcação de progresso. Jogos de puzzle normalmente são marcados pelo seletor de fases, ou pelo menos alguma narrativa que nos dê um objetivo para continuar jogando. Eu joguei por várias horas e nem sequer tenho noção se existe um final pro jogo. Cada fase começar imediatamente depois da outra (ou seja, você não sabe se acabou um puzzle, ou se ele era um estágio de um puzzle maior) não ajuda também.
Mas caso você queira um desafio casual para se divertir tentando resolver problemas, provavelmente isso não vai te incomodar em nada, pois podemos salvar a qualquer momento.