Olá, meus caros companheiros gamers, tudo bom com vocês? Que todos nós tenhamos um excelente 2023, com muitas realizações e jogatina de qualidade! Recentemente resolvi dar uma chance a um joguinho que sempre me despertou a curiosidade mas que nunca saiu da fila ante a outros jogos que eu definia como prioridade.
Acontece que a fila finalmente terminara e, sem qualquer tipo de expectativa, comecei a jogar o primeiro jogo, The Evil Within, onde acompanhamos a saga de um detetive chamado Sebastian Castellanos em uma epopeia de horror e pânico à procura de escapar de um mundo aterrorizante.
O jogo dirigido por Shinji Mikami, o lendário diretor criativo de Resident Evil 4, apresenta muitas inspirações de seu antecessor espiritual: como a câmera por trás dos ombros, os inimigos inspirados em personagens famosos dos jogos clássicos e de outros, incluindo vilões à lá Silent Hill. Mas o jogo conta com suas originalidades.
A maior de todas, ao meu ver, é a sua premissa: o fato de haver uma máquina capaz de unificar diferentes consciências e representá–las em um mundo virtual já é interessante por si só. Agora, o toque de horror é ainda mais cativante: e se a base desta consciência fosse a de um psicopata traumatizado por experiências terríveis e que busca uma vingança incessante contra qualquer um que adentre sua realidade?
A única forma de enfrentá–lo se encontra no âmago de outro menino traumatizado e, à medida que avançamos na história, descobrimos o passado trágico do protagonista. Sua filha morrera num incêndio e sua esposa desaparecera acreditando que a menina fora raptada por uma organização secreta responsável por diversos sequestros na cidade em que o detetive atuava.
À medida que o jogo avança, enfrentamos inimigos que são o reflexo dos medos interiores do vilão e do próprio Sebastian, criando uma atmosfera de terror frenético e brutal. O ritmo do jogo é determinado pelo estilo com o qual o jogador decide abordar momentos de furtividade e enfrentamento de hordas.
A direção de arte é um deleite. Inspirados em clássicos filmes de terror dos anos 2000, passamos por cidades destruídas, vilarejos assombrados, mansões góticas e laboratórios horripilantes. Além disso, em diversos momentos somos abordados por criaturas grotescas com seus próprios cenários imersivos e maneiras únicas de completar cada capítulo da história.
O jogo termina de modo subjetivo, mas não quero estragar a experiência de quem for jogar. O segundo jogo começa de modo esplêndido, apresentando uma nova engine (a mesma utilizada nos novos jogos da franquia Doom, e que evolução gráfica!) e uma jogabilidade satisfatória, evoluindo o que funcionou no primeiro jogo e descartando aquilo que prejudicava a experiência.
A história humaniza o protagonista, que se vê numa nova epopeia quando descobre que sua esposa e filha podem estar vivas e dentro de uma outra máquina, servindo de energia básica para um novo sistema aprimorado que não demorou para deixar de ser uma utopia e se tornar outra piscina de horrores de outros vilões que enfrentamos.
A quantidade de horas que passei jogando esse foram muito proveitosas e divertidas. O jogo consegue passar a mesma atmosfera de terror de seu antecessor, acrescentando mapas mais abertos e cheios de exploração e maneiras de avançar na narrativa e evoluir o personagem.
O jogo conta com modos arcade interessantes e que te recompensam por melhorar sua mira. Cada capítulo da história contribui para uma experiência mais dramática e comovente, confirmando que a decisão de deixar outros profissionais dirigirem o jogo (Shinji Mikami deixou de ser o diretor para continuar na produção e execução do projeto, e o respeito muito por isso, visto que a mudança se provou correta) revitalizou a concepção e o potencial do jogo.
Os últimos capítulos são emocionantes e representam tudo o que eu queria ter visto nos últimos dois Resident Evil: protagonistas humanos, interessantes, de personalidade forte e com os quais nos identificamos; que tentam ajudar quem podem e que possuem e reconhecem suas próprias falhas. Uma jogabilidade ágil, responsiva e que não limita o jogador a formas limitadas de passar por uma fase, fases estas que não são esquizofrenicamente restritivas e claustrofóbicas, nem com chefes de vida infinita e que fogem à temática de terror para um nível cômico.
The Evil Within pode não ter conquistado o mesmo sucesso comercial de jogos como Resident Evil e Silent Hill, mas posso lhes afirmar: como alguém que jogou boa parte de todos estes, ele não perde em nada para nenhum jogo do mercado atualmente. Na verdade, acredito que The Evil Within tenha a história mais interessante e comovente que já vi em um jogo de terror e gostaria muito de ver um terceiro jogo. Até lá, fica a recomendação para quem ainda não jogou, é uma experiência que vale o preço e o tempo. Agora, peço licença, tenho que matar uns monstros!