Após o pavoroso Predador de 2018 Prey ou como foi traduzido no Brasil, Predador: A Caçada, é um retorno às origens do icônico filme de 1987. Nesse ponto, Prey se consolida como a sequência que mais se aproxima do original, seja no tom, ambientação e até mesmo, na qualidade.
A direção de Dan Trachtenberg de Rua Cloverfield 10, Prey busca nos levar as paisagens belíssimas das grande planícies no ano de 1879, muito mais do que suas paisagens, conhecemos a natureza que habita aquelas paisagens, seus predadores (os naturais) e a tribo comanche de Naru (Amber Mindhunter). Sob sua lente, Trachtenberg vai construindo a tensão crescente que a ameaça do Predador traz e também, seu próprio visual que vai se mantendo no mistério absoluto até os momentos mais reveladores nas grandes sequências de ação. Desse modo, Prey abraça a mitologia e tradições de seu filme original, entregando um filme de qualidade… até certo ponto.
Talvez o maior ponto negativo do novo longa da franquia do Predador esteja na necessidade de ser muito didático. Esse problema se apresenta na motivação da personagem que Naru que almeja ser mais do que apenas uma curandeira, ela quer ser uma caçadora, e entendemos isso logo na cena da introdução porém essa motivação é explicada várias vezes. O roteiro de Patrick Aison busca explicar de novo em diálogos expositivos da própria personagem e de outros personagens. Esse problema de didatismo se repete em outras situações em que Naru parece explicar uma informação para o público que quase soa como uma quebra da quarta parede e isso enfraquece o filme. “Mostrar, não falar” é uma regra que o filme não parece estar disposto a seguir. A sensação é a de que um filme de ação precisa ser explicado nos mínimos detalhes se não o público não vai entender. Uma pena que a inteligência do público ainda seja subestimada em certos gêneros…
No entanto, os problemas felizmente terminam no roteiro, Amber Mindhunter como Naru é um dos maiores acertos ao lado da direção. Sua atuação traz a força da personagem, suas fraquezas e humanidade entregando uma personagem marcante da franquia. Sua Naru nos remete a personagens femininas icônicas do cinema de ação como Ripley da franquia Alien e Sarah Connor da franquia Exterminador do Futuro.
E quanto ao icônico vilão? O Predador? Está ótimo. O filme mescla a computação gráfica com o efeito prático de uma maneira que funciona organicamente na tela. Conseguimos sentir a brutalidade maior dessa versão primitiva do Predador, seus recursos mais primitivos também e o visual é um toque final e que certamente será tão icônico quanto o visual tradicional do personagem é hoje em dia.
Prey ou Predador: A Caçada é uma sequência digna do filme original. Mesmo com o roteiro didático, entrega ótimas sequências de ação, uma protagonista marcante e captura o espírito e as origens do clássico. Uma sequência digna, finalmente!
Nota: 7,5/10