Foi lançada no último sábado (15) a mais nova produção original da Netflix, Project Power. Ambientado na cidade de Nova Orleans, o filme gira em torno de um enorme esquema de distribuição de pílulas que dão superpoderes aos usuários durante alguns minutos. A partir disso, diversas pessoas com motivações distintas têm suas histórias entrelaçadas ao entrar no combate à este esquema criminoso.
Dentre os três principais personagens que conduzem a história, creio que o que tem um arco mais significativo é Art, interpretado por Jamie Foxx. Ex-militar que teve um passado fortemente marcado pelas pílulas, Art decide entrar no combate a esta indústria por motivos pessoais. O ator, que é conhecido por sucessos como Django Livre e Ray, entrega um personagem que centraliza a trama e é responsável pela maior parte das cenas de ação no filme, coisa que ele faz muito bem.
Temos também Frank, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, que é de longe o personagem mais carismático. Famoso por seus papéis em Batman: O Cavaleiro Das Trevas Ressurge e A Origem, ele interpreta aqui um policial da cidade de Nova Orleans que funciona perfeitamente como alívio cômico para a trama, além de sua ótima performance nas cenas dramáticas e também de ação.
Entre os grandes nomes do filme, também está o brasileiro Rodrigo Santoro, que aqui faz uma espécie de vilão. Apesar de sua participação na trama ser marcante, isso é mérito apenas do próprio ator, uma vez que o personagem não tem o tempo de tela suficiente para ser bem desenvolvido. Infelizmente, ele não passa de um vilão genérico assim como muitos outros em filmes de ação.
Com muitos elementos de filmes de super heróis, Project Power bebe muito na fonte de X-Men, que inclusive foi o ponto de partida para o estouro absurdo do gênero durante os anos 2000.
Além de personagens com poderes semelhantes, há também diversas referências a histórias em quadrinhos e ao mundo nerd como um todo, o que cria a identificação do público com o universo do filme.
Um ponto interessante desse filme e que o diferencia completamente do restante das produções sobre super heróis é que a cada vez que um personagem toma uma pílula e utiliza seus poderes, isso acarreta efeitos colaterais em seu corpo. Um controlador de fogo, por exemplo, pode muito bem ter queimaduras graves na pele, assim como alguém que domina o gelo pode perder membros devido a temperatura negativa.
Outra comparação válida é com Code 8, também lançado recentemente pela Netflix, em que uma parcela da sociedade é marginalizada por ter super poderes e a abordagem também é muito mais realista em relação ao que já havia sido feito antes.
O filme tem um ritmo bom de narrativa, equilibrando bem entre o humor, a ação e o drama, apesar de alguns personagens serem mal aproveitados.
Os efeitos especiais estão longe de serem uma revolução no mundo do streaming, mas tem uma qualidade considerável em relação a outros filmes desse tipo da Netflix. A história é simples, coesa e com um início, meio e fim bem definidos, sem forçar a barra para futuras continuações.
Project Power é um filme mediano em questão de história e desenvolvimento de personagem, mas entrega exatamente o que promete com um tom leve e despretensioso. Quem procura boas cenas de ação e já está cansado da fórmula padrão dos filmes de super heróis com certeza vai se divertir.