Após 30 anos desde o original Top Gun: Ases Indomáveis, Top Gun: Maverick é mais um retorno a uma franquia consagrada mirando na nostalgia ao mesmo tempo que busca estabelecer um legado. É a nova moda de Hollywood, afinal, outros longas como Star Wars: Despertar da Força, Jurassic World, Pânico (2022), Caça-Fantasmas: Mais Além, partem da mesma ideia e fórmula. No entanto, é seguro dizer que Top Gun: Maverick consegue se sobressair a esses outros longas e até, ao filme original.
Tom Cruise é um dos maiores nomes de Hollywood, mas não daqueles nomes que se acomodam. A cada novo filme que estrela/produz, Cruise busca entregar um espetáculo físico sempre se provando em sequências de tirar o fôlego e sem usos de dublê. Em um cinema blockbuster cada vez mais dominado pela computação gráfica, isso é um respiro. Um tipo de produção quase rara. Assim como a trama do filme propõe trabalhar a superioridade do homem a tecnologia, tecnicamente o filme bate o martelo da superioridade do analógico ao tecnológico. Top Gun: Maverick é um espetáculo visual em muitos sentidos, os combates aéreos são memoráveis e impressionantes. A entrega de cada ator dentro da cabine, a “coreografia área”, e a tensão crescente da missão suicida que o filme propõe é magistral. Novamente, mérito da decisão criativa de Cruise dele e todo elenco ter se entregue a treinamentos árduos para embarcarem de fato nos jatos F/A-18. O resultado é claro, temos uma das maiores obras sobre viação do cinema e seu legado será tão grande quanto o filme original.
A trama por outro lado traz similaridades com o original e até um caráter metalinguístico sobre a própria carreira de Tom Cruise. Após esses 30 anos, Pete “O Maverick” ainda tem aquela” pinta” de inconsequente que serve até como uma defesa para o manter distante do fim inevitável de sua carreira e de uma estagnação que parece sempre persegui-lo. Ainda atuando como piloto de testes, ele é chamado para voltar para o programa Top Gun onde terá que treinar uma nova geração de pilotos para uma missão suicida enquanto lida com os traumas do passado na forma do filho de seu falecido amigo Goose, o personagem interpretado por Miles Teller. É uma trama simples, um tanto clichê até, mas que é bem desenvolvida. Somado a isso, todos os já falados aspectos técnicos elevam essa simplicidade. Outro ponto bastante simples do longa, é o interesse romântico que agora vem com a personagem de Jennifer Connelly. Definitivamente não há a mesma química que havia com Cruise e Kelly McGillis no primeiro filme tão elevado pela trilha sonora inesquecível da banda Berlin com a imortal Take My Breath Away. No entanto, essa nova dinâmica romântica tem um ar de maturidade e sensibilidade que o impedem de comprometer o ritmo. O resto do elenco com nomes como Jon Hamm (de Mad Men), Glen Powell e Monica Barbaro não comprometem e também não se sobressaem, mas servem para enriquecer toda a dinâmica e o contexto da trama.
Um dos pontos mais marcantes do longa é a participação de Val Kilmer como Iceman. A maturidade dos dois personagens lado a lado, e o encontro, principalmente, com o contexto atual da condição de saúde que Val Kilmer vive é tocante. Um momento onde a nostalgia atravessa barreiras e emociona. Talvez seja isso que a sequência busque ser, uma experiência mais sensorial do que outra coisa e nisso, os acertos apenas se acumulam.
A trilha sonora de Hans Zimmer é um acerto também, reciclando os temas do original e mesclando Hold My Hand de forma orquestrada nos momentos mais sensíveis e Danger Zone nos mais caóticos. O resultado é extremamente bem sucedido fugindo um pouco do lugar comum de suas trilhas sonoras nos filmes de Christopher Nolan e acertando mais ótimos trabalhos como em Duna do ano passado.
Ao final de Top Gun: Maverick ao som da bela canção de Hold My Hand de Lady Gaga, o saldo positivo se sobressai. Uma experiência muito mais do que nostálgica. Grandiosa, memorável e de tirar o fôlego. Um dos melhores longas do ano até então!
Nota: 9,0/10