O filme “Coraline e o Mundo Secreto”, conhecido por provocar medo em várias crianças nos anos 2000, hoje evoca um sentimento de nostalgia entre os jovens que experimentaram o impacto da obra. O terror infanto-juvenil desfruta de uma excelente aceitação do público, obtendo uma classificação de 90% no Rotten Tomatoes.
Semelhante ao livro que inspirou o longa-metragem, “Coraline” do britânico Neil Gaiman é uma obra emblemática publicada pela primeira vez em 2002. O texto transmite uma bela lição sobre coragem e é capaz de inspirar diversas pessoas por meio de uma escrita simples e curta, porém rica em significados.
Contudo, será que o filme é tão bom quanto o livro? Há diferenças entre os dois? Quais são os segredos obscuros de “Coraline”? Qual foi a inspiração de Neil Gaiman para compor uma obra de tanto sucesso? Confira essas informações e muito mais nesta publicação!
A origem da obra
A edição comemorativa de 10 anos do livro “Coraline” conta com uma introdução escrita por Neil Gaiman em 2012, na qual o autor explica a origem da história. De acordo com ele, sua filha Holly gostava de histórias assustadoras, então ele decidiu criar uma história assustadora para ela.
No entanto, após sair da Inglaterra e se mudar para os Estados Unidos, ele parou de escrever o livro. Seis anos depois, Neil Gaiman abriu o arquivo e decidiu continuar de onde havia parado.
O autor resolveu fazer isso porque percebeu que, se não o fizesse, sua filha mais nova, Maddy, seria velha demais quando ele terminasse. Assim, Neil Gaiman concluiu sua obra e a publicou, mas o que deveria ser apenas um presente para as filhas acabou se tornando um enorme sucesso.
O escritor relata que, algum tempo depois, encontrou mulheres que usaram a coragem que Coraline havia demonstrado na obra para passar por momentos difíceis.
The New Mother: O conto que inspirou “Coraline”
Essa história foi escrita pela inglesa Lucy Clifford, conhecida pelo pseudônimo Mrs. W. K. Clifford, uma jornalista, romancista e dramaturga, durante a Era Vitoriana. Neil Gaiman mencionou a obra uma vez e o usou como referência para a Outra Mãe. Trata-se de um conto assustador que serve como moral para as crianças desobedientes.
Em síntese, o conto narra a história de duas meninas chamadas Olhos Azuis e Turquia. Elas viviam em uma cabana perto da floresta com a mãe e um bebê. As jovens sempre foram meninas muito obedientes, até que, um dia, caminhando pela floresta em direção à aldeia a pedido da mãe, encontraram uma mulher com um instrumento musical estranho e uma caixinha.
Essa mulher disse que se fossem crianças muito desobedientes, poderiam abrir a caixa e ver um casal de pessoas pequenas dançando ali dentro.
Quando Olhos Azuis e Turquia voltaram para casa anunciaram à mãe que queriam ser meninas malcomportadas. Assim, a genitora lhes disse que, caso fizessem isso, ela iria embora e uma nova mãe viria, com olhos de vidro e rabo de madeira. As garotas recorreram à moça da floresta, que disse que não existia uma nova mãe assim.
Por essa razão, as protagonistas começaram a demonstrar um terrível comportamento, até que a mãe se cansou e foi embora. Desesperadas, retornaram à mulher da floresta e pediram ao menos para ver o casalzinho dançando dentro da caixa, mas a moça comunicou que não tinham sido malcriadas o suficiente e mostrou que a caixa estava vazia.
Mais tarde, as meninas receberam em sua casa a chegada de uma mulher com rabo de madeira e olhos de vidro, a nova mãe. As crianças, em pânico, fugiram para a floresta e passaram a viver lá, lamentando por não terem dado valor à sua antiga vida e agora, sendo obrigadas a viver em condições difíceis.
Sinopse
No livro, acompanhamos a história de Coraline, uma criança que se mudou com os pais para um antigo apartamento com vizinhos estranhos. Sem muita coisa para fazer, a jovem começa a explorar o jardim e sua nova morada.
Até que a garota se depara com uma passagem estranha que a leva a um lugar aparentemente mágico, onde ela pode ter tudo o que deseja, inclusive pais que lhe dão toda a atenção e amor necessários a uma criança.
Contudo, existe um ponto macabro nesse mundo: As pessoas possuem olhos de botão. Dessa maneira, ao longo da narrativa, Coraline descobre que seu mundo mágico é repleto de algo muito mais assustador do que ela imaginava.
O filme segue basicamente a mesma sinopse do livro, exceto por algumas pequenas mudanças no início, como a boneca que Coraline recebe de seu amigo Wybie. Além disso, há adaptações de algumas cenas para melhor aceitação do público infantil.
Principais aspectos: Livro X Filme
O principal ponto a ser ressaltado sobre a obra de Neil Gaiman é que o escrito é muito mais sombrio e assustador que o filme.
Embora a linguagem da obra seja simples, ela transmite uma atmosfera muito mais cinzenta, que parece ser menos evidente no filme. Logo, alguns fatos que ocorrem no texto foram alterados no filme ou tiveram a sua ordem invertida para torná-los mais leves. Ademais, mesmo que o longa metragem não siga totalmente a publicação original, ao contrário de muitas adaptações literárias, alcançou um enorme sucesso.
O filme preserva a essência do livro, carregando as belas mensagens, os significados ocultos e a subjetividade de “Coraline”. Assim, é responsável por deixar no telespectador muitos questionamentos e reflexões. Porém, embora seja direcionado ao público jovem, um adulto pode tirar ótimas lições da obra.
1. Personagens
Cada personagem desempenha um papel muito específico dentro da trama; logo, é válido ressaltar a importância e relevância de alguns deles.
1.1 Coraline Jones
No livro, Coraline é uma criança que vive em busca de novas aventuras e possui uma imaginação fértil. Assim como qualquer criança, ela procura a atenção dos pais e, frequentemente, acaba sendo negligenciada, o que a frustra e a deixa irritada. Além de que a pequena protagonista, embora seja esperta e corajosa, ainda é ingênua em relação a algumas coisas.
Por fim, Coraline é uma menina que não compreende os adultos e o próprio mundo em que vive; as pessoas ao seu redor parecem malucas ou estranhas, dizem coisas sem sentido e até pronunciam seu nome errado.
Diante esse cenário, o filme explorou muito bem todas essas características da protagonista, e sua personalidade é praticamente idêntica à dos livros, exceto pelo fato de que a personagem nos filmes parece um pouco mais irritadiça do que no escrito.
1.2 Sr. Bobinsky, Srta. Spink e Srta. Forcible
As srta. Spink e Srta. Forcible, aos olhos de Coraline, são duas senhoras loucas; no entanto, por meio de suas leituras de folhas de chá e do amuleto que entregam à protagonista, elas acabam agindo como uma ajuda involuntária. No filme, algumas cenas delas são diferentes das descritas no livro.
O Sr. Bobinsky desempenha o mesmo papel que as srta. Spink e Srta. Forcible, exceto pelo fato de que ele não parece ajudar tanto a personagem quando comparado às duas senhoras. Ele é responsável por treinar alguns ratos de circo e diz coisas estranhas à garota relacionadas aos seus animais. Também é visto como excêntrico aos olhos de Coraline, contribuindo para o mundo no qual ela não compreende os adultos.
1.3 O gato preto
O gato preto de “Coraline” é um dos personagens mais intrigantes e, com toda certeza, um dos que mais ajuda a protagonista, especialmente nos livros. Segundo a espiritualidade, o gato é um ser místico mais evoluído que afasta as más energias, e é por essa razão que ele atrai tantos mitos.
No escrito, o gato carrega consigo a imagem de parecer antipático. Em contrapartida, suas falas, algumas sem sentido, e atos permitem que a protagonista se desenvolva ao longo da trama.
Em outras palavras, o gato é um personagem dotado de sabedoria. Ele é o ser que mais conhece a Outra Mãe e o Outro Mundo, e muitas vezes, seu saber em relação a esse ambiente funciona como um guia para Coraline, como se o animal fosse parte do seu subconsciente orientando-a a seguir pelo caminho certo.
Todas essas características citadas acima do animal são preservadas no filme; não obstante, devido à adaptação para crianças, alguns momentos do animal foram reduzidos e passaram despercebidos. Isso é bastante triste, embora mesmo assim os produtores tenham preservado a essência e importância desse personagem.
1.4 Outra Mãe ou Bela Dama
Segundo a mitologia, a Bela Dama, derivada da palavra Beldam e inspirada em um antigo folclore romeno, é uma bruxa que protege as florestas dos humanos; ela possui o poder de criar ilusões e atrair as pessoas para elas.
Em “Coraline”, por algum motivo, ela acabou no Outro Mundo e nunca mais conseguiu sair. Para se fortalecer, a Bela Dama necessita das almas de outras crianças e faz isso costurando botões nos olhos delas, pois os olhos são o espelho da alma.
A Outra Mãe dos livros, desde sua primeira aparição, parece um pouco mais perturbadora do que no filme, pois possui outras características além dos olhos com botões.
Todavia, a vilã preserva sua personalidade e faz de tudo para conseguir o que deseja. Ao passo que conforme nenhuma de suas técnicas dá certo, sua aparência se torna cada vez mais grotesca, revelando o monstro que ela é.
1.5 O Outro Pai
O Outro Pai é um personagem muito diferente no livro e no filme.
No texto, ele é mais triste e tem um final muito mais trágico e assustador, onde é aprisionado em um porão, e seu corpo se transforma em uma figura deformada com um cheiro desagradável. Já no filme, o Outro Pai é alegre e foi criado pela Bela Dama a partir de uma abóbora, razão pela qual usa tantas cores laranja. No final, ele também é punido, mas retorna à sua forma original.
Em ambos, o Outro Pai tenta alertar Coraline diversas vezes sobre a Outra Mãe; porém, no livro, esses alertas são mais visíveis e insistentes desde o momento em que a protagonista chega ao Outro Mundo.
Em sumo, o Outro Pai não é um personagem ruim; ele apenas é manipulado, pois tanto no livro quanto no filme, há diversos momentos em que ele tenta mostrar à garota que aquele mundo não é o que parece.
1.6 Wybourne Lovat ou Wybie
O livro não apresenta esse personagem; contudo, a adaptação cinematográfica o incluiu para que Coraline não ficasse sozinha, proporcionando-lhe alguém com quem conversar, o que se mostrou muito eficaz. No filme, ele entrega a boneca com a aparência da protagonista, encontrada no baú de sua avó, e essa boneca é usada pela Outra Mãe para observar Coraline.
Wybourne Lovat, conhecido apenas como Wybie, atormenta a jovem várias vezes no filme, mas também funciona como um amigo que serve para alertá-la e ajudá-la, tanto no mundo real quanto no Outro Mundo.
2. Mensagens inspiradoras
Um aspecto que o livro explorou muito e é menos visível no filme é o significado de ser alguém corajoso. Há um momento na narrativa muito inspirador, em que Coraline está conversando com o gato enquanto retorna para o Outro Mundo. Os produtores removeram grande parte do diálogo do filme, ainda assim, esse momento contextualiza o grande sentido da obra.
“Porque coragem é quando você sente medo de fazer algo, mas faz mesmo assim, é quando você enfrenta o medo.”
Coraline; p. 90
Tanto o filme quanto o livro trazem de maneira muito evidente que nem sempre as pessoas são o que parecem, o exemplo mais claro é o Outro Mundo e a Bela Dama.
Embora esse fato seja mais evidente no longa metragem, em ambos, inicialmente, a protagonista acha as coisas e pessoas fora do seu mundo muito interessantes, até descobrir que tudo não passava de uma armadilha.
Do mesmo modo, Coraline despreza o gato e, no caso do filme, o personagem Wybie, que são essenciais para que ela consiga fugir do Outro Mundo. A personagem também negligencia alguns detalhes importantes que poderiam ter impedido que ela passasse por tudo que passou, ou seja, ela fica tão preocupada em explorar e se divertir que esquece de pensar racionalmente.
3. Alguns significados ocultos
No filme, destacam-se aspectos intrigantes, como o cabelo azul de Coraline, um detalhe que não existe no livro. Isso foi usado para mostrar que a protagonista se destaca e é diferente dos demais personagens.
Há também o bolo que a Outra Mãe oferece à protagonista, escrito com um laço duplo no “O”, o que, na grafologia, significa que a pessoa está mentindo. Essa cena também não existe no livro e denuncia que aquele não é o verdadeiro lar da garotinha.
Os olhos de botão representam a manipulação da Bela Dama sobre Coraline, para que ela veja o mundo como a mulher deseja e possa devorar sua alma; o mesmo se aplica à boneca presente apenas no filme.
Nesse sentido, o amuleto que a protagonista usa para fugir da Outra Mãe funciona como um artefato que permite ver a realidade fora da manipulação de um mundo aparentemente mágico.
4. Análises da obra
Além de transmitir coragem e a ideia de que as pessoas nem sempre são o que parecem, “Coraline” oferece diversas interpretações.
4.1 Punições aos curiosos
Por meio de uma análise simples, é possível dizer que a obra mostra, de uma forma punitiva, o perigo da curiosidade, pois, como citado anteriormente, a protagonista é uma jovem corajosa, inquieta e curiosa, e essas características quase a levam ao fim.
Portanto, caberia uma lição de moral, na qual os filhos devem obedecer aos pais e seguir seus conselhos, para que não encontrem pessoas ruins ao longo de sua caminhada e não sofram.
4.2 A mentalidade infantil e a família
Outra interpretação possível, que já foi brevemente introduzida, descreve a mentalidade de uma criança que está tentando conhecer e entender a vida e os adultos. Para uma jovem que não recebe tanta atenção e orientação de uma família atarefada pelo trabalho, compreender a imensidão que existe à sua volta pode ser um grande desafio.
Coraline mudou-se para uma casa nova e deixou seus amigos para trás, sendo obrigada a conviver com pessoas estranhas em um ambiente que detestava, com pais que não proporcionavam a ela uma das coisas básicas para uma criança: atenção.
Nesse sentido, é óbvio que um mundo mágico a seduziria, onde todas as suas vontades poderiam ser atendidas, e ela ainda poderia desfrutar de uma boa família. No entanto, com o passar do tempo, a protagonista percebe que tudo que é perfeito demais não existe e seu mundo mágico se transforma em uma tela em branco.
Assim, se costurassem olhos de botão em Coraline, seria possível interpretar interessantemente o ato como abandonar o que acreditamos ser a verdade para nos entregarmos a uma ilusão, na esperança de que isso preencha um sentimento maior e mais doloroso, que é a incapacidade de nos conhecer e saber lidar com os limites impostos pela realidade.
Os olhos de botão representam a falta de desejo da criança diante de uma mãe manipuladora ou uma família negligente, onde os filhos se afogam em suas próprias mágoas.
4.3 Mundo real e mundo fantasioso
Outra forma de analisar a obra é pensar sobre o papel do mundo real e do Outro Mundo.
No primeiro, encontramos um ambiente imposto por regras, enquanto no segundo, um local onde tudo é possível. Isso permite ao leitor compreender e refletir sobre uma série de questões internas, que vão desde as apresentadas anteriormente até como esse embate entre o real e o não-real está presente na vida do telespectador através de seus desejos.
Como resultado, pode-se visualizar um limite entre aquilo que é desejado e é possível conquistar e aquilo que é desejado, mas é impossível obter. Logo, conclui-se que parte das frustrações da vida é importante para o crescimento e amadurecimento do ser humano.
Inicialmente, recorrer à vontade de suprir todos os nossos desejos parece uma boa ideia. No entanto, quando vemos o fim que as outras crianças sofreram nas mãos da Bela Dama, certamente pensamos que essa nunca seria uma boa opção e que parte da frieza da realidade é importante, pois o desejo em excesso leva a perda da identidade e a autodestruição.
“Ela roubou nossos corações e nossas almas, acabou com nossas vidas e então nos jogou aqui. Ela nos esqueceu na escuridão.”
Coraline; p. 123 e 124
4.4 A morte
Uma última interpretação presente em “Coraline” diz respeito aos mistérios da vida após a morte e à forma como os seres humanos encaram esse evento.
Na obra, observamos um cenário típico das mitologias e das religiões, que tentam explicar como é o pós-vida: um ambiente desconhecido, para onde as pessoas vão e não conseguem retornar; onde as almas se transformam em um vazio sem identidade.
“Os nomes são as primeiras coisas a desaparecer depois que a respiração cessa e o coração para de bater. Nossa memória dura mais do que o nosso nome.”
Coraline; p. 122
Nesse contexto, a Outra Mãe simboliza a morte, que rouba almas e amedronta com a transição para um universo desconhecido. Sua dependência das almas para sobreviver reflete a ligação essencial entre vida e morte.
Por fim, uma razão para Coraline ser a única criança capaz de escapar da morte e ainda levar consigo a alma das outras crianças pode simbolizar, para algumas crenças, a reencarnação ou o encontro de um novo ambiente que proporciona mais paz, ou seja, a ideia de um Paraíso.
Em contrapartida, a Outra Mãe e o Outro Mundo se assemelham mais a um lugar que lembra um ambiente ruim, por exemplo, o Inferno. Além disso, a própria Bela Dama é incapaz de se libertar daquele mundo e não parece ter controle sobre tudo, já que alguns personagens podem entrar e sair daquele universo quando desejam, como o gato. E, apesar de a Outra Mãe ser má, o Outro Pai e o Wybie são personagens bons e ela não consegue mudar isso.
“O que quer que fosse aquele lugar, era mais antigo que a outra mãe. Era profundo, lento e sabia que ela estava ali…”
Coraline; p. 190
O sucesso de “Coraline”
“Coraline” é uma obra consistente, com cenários excepcionais, qualidade incrível e criatividade e roteiro esplêndido, o que contribui para o grande sucesso da obra. Os filmes destinados a serem um terror para crianças proporcionam uma quebra de realidade aos jovens.
Outro ponto importante é a infância e a mentalidade de Coraline. Ao longo da história, ela passa a compreender quão difícil é viver em um mundo sem seus pais, bem como quão importante é não ter todas as coisas do mundo. Assim, tanto no filme quanto no livro, a garotinha desenvolve um amadurecimento repleto de lições valiosas e trabalha intensamente em sua psique.
Por último, o ponto que, sem dúvidas, mais contribui para a grande repercussão da obra são seus mistérios e teorias. “Coraline” guarda segredos sobre o elenco e o cenário não mencionados no livro ou mostrados no longa metragem, mas notavelmente intrigantes, dada a simplicidade da obra.
Para as crianças, isso certamente não é muito perceptível, mas para um adulto, a simplicidade de “Coraline”, principalmente nos livros, é algo bastante questionador e que deixa o leitor com certas dúvidas no final. Dúvidas que também podem surgir no final do filme.
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