“A Biblioteca da Meia-Noite” é uma obra do romancista e jornalista inglês Matt Haig, publicada no Brasil pela editora Bertrand Brasil e traduzida por Adriana Fidalgo.
Abordar este livro é um desafio, dada a sua popularidade: desde o lançamento em 2021, vendeu mais de 6 milhões de exemplares mundialmente e ganhou grande atenção em plataformas digitais como TikTok, Instagram e Twitter. Além disso, ganhou o prêmio Goodreads Choice Awards de “Melhor livro de ficção de 2021” e alcançou o status de best-seller do New York Times.
Sobre Matt Haig
Matt Haig, nascido em Sheffield, Inglaterra, em 1975, é graduado em História e Inglês pela Universidade de Hull, uma formação que impulsionou sua carreira literária.
Ele escreve ficção e não-ficção tanto para adultos quanto para crianças. Muitos de seus livros de ficção especulativa contribuíram para o seu reconhecimento como um autor best-seller internacional, com obras traduzidas em mais de 30 idiomas.
Entre seus trabalhos mais notáveis estão “Razões para Continuar Vivo”, “Observações sobre um Planeta Nervoso”, “A Possessão do Sr. Cave”, “Como Parar o Tempo”, “Os Humanos”, “Os Radleys”, “Sociedade dos Pais Mortos”, “Floresta Sombria” e “Um Menino Chamado Natal”.
Sinopse: Entre a vida e a morte existe uma biblioteca
A obra narra a história de Nora Seed, uma mulher de 35 anos extremamente frustrada com a vida, carregando uma série de tristezas e arrependimentos. Ela possui inúmeros talentos, no entanto, tem poucas conquistas. Devido a diversos eventos, a protagonista tenta cometer suicídio e cai em um lugar peculiar: uma biblioteca onde o tempo não passa, onde é sempre meia-noite, um limiar entre a vida e a morte.
Essa biblioteca contém infinitas estantes, prateleiras e livros. Através de alguns desses livros, e com a ajuda de uma amiga, Nora pode experimentar as vidas que poderia ter vivido se tivesse feito outras escolhas e reverter seus arrependimentos.
Todavia, as coisas não seguem conforme o planejado, e A Biblioteca da Meia-Noite começa a enfrentar um risco, o que pode afetar a protagonista também. Por conseguinte, Nora precisa descobrir o que torna a vida valiosa antes que tudo termine.
A sensibilidade para abordar a saúde mental
Embora a primeira impressão da leitura do livro possa ser um pouco tediosa, com alguns eventos previsíveis e descrições pouco detalhadas sobre a aparência física da biblioteca, Matt Haig conseguiu compor uma obra que estimula reflexões aprofundadas sobre escolhas e arrependimentos ao longo da história.
Com uma linguagem simples e repleta de diálogos, o livro aborda temas delicados ligados à saúde mental, como depressão e suicídio, de maneira leve, permitindo que o leitor se identifique com Nora e se coloque em seu lugar em várias partes da história. Como resultado, “A Biblioteca da Meia-Noite” é um texto que conjuga sensibilidade e um toque de magia, provocando emoção no leitor, embora não ao ponto de levar às lágrimas, e entrelaçando elementos de ficção, física e filosofia.
Para leitores que já enfrentaram desafios relacionados à saúde mental, o livro pode ter um impacto ainda mais significativo. A descrição realista das emoções e pensamentos de Nora espelha a batalha de Haig contra ansiedade e depressão. Ele habilmente mostra que estas condições começam com pequenos fatores e se manifestam sutilmente, muitas vezes sem serem notadas.
O livro também trata de como a nossa saúde mental é influenciada pelas pessoas ao nosso redor e pelos eventos que ocorrem em nossa vida. Desse modo, “A Biblioteca da Meia-Noite” destaca como as pressões sociais para excelência e certas negligências afetam negativamente o bem estar psicológico.
A coragem para viver
É comum que, em algum momento, os indivíduos ponderem sobre como seria a vida com escolhas diferentes e se culpem por ações feitas ou não feitas, o que pode levar a doenças ou, pelo menos, a numerosas mágoas.
Neste contexto, a obra de Matt Haig ensina que cometer erros é normal, não realizar todos os sonhos é aceitável, não progredir no ritmo imposto pela sociedade é compreensível, e não ser perfeito o tempo todo não é algo ruim, pois os seres humanos, por natureza, são imperfeitos.
“A Biblioteca da Meia-Noite” ensina ao leitor que viver uma vida repleta de lamentações pelo passado não é produtivo. Assim, ficar preso aos erros e ponderar se as coisas seriam melhores com diferentes decisões é inútil e leva apenas a infelicidade e tristeza.
Nas várias vidas vivenciadas por Nora na história, ela mostra ao leitor que cada acontecimento tem um propósito específico. Com isso, a personagem amadurece sua percepção sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor.
Gradualmente, suas frustrações dão lugar a sentimentos mais positivos: a esperança por uma vida melhor surge, seguida pela realização de que o presente é valioso e digno de atenção. Sendo assim, é nesse aspecto que Nora deve focar para promover melhorias em sua vida. A obra enfatiza a coragem de viver e a possibilidade de recomeçar quantas vezes forem necessárias.
Enquanto houver livros nas prateleiras, você nunca estará presa. Cada livro é uma chance de escapar.
A Biblioteca da Meia-Noite, p. 233
Portanto, “A Biblioteca da Meia-Noite” é um livro encantador, que comunica uma mensagem bela e contém inúmeras frases memoráveis. Não é meramente um discurso de autoajuda; ao contrário, é uma obra que cativará o leitor com sua fascinante perspectiva sobre a vida.
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A Biblioteca da Meia-Noite
A Biblioteca da Meia-Noite merece plenamente seu status de best-seller, pois trata temas relacionados à saúde mental de maneira sensível, incentivando reflexões sobre vida, escolhas e arrependimentos. Embora o início da leitura possa parecer monótono, com previsibilidade em certos eventos e com falta de detalhes em algumas descrições, é uma obra que todos, em especial aqueles que enfrentam desafios, deveriam ler por sua mensagem profunda e significativa.
Detalhes
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Enredo
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Divisão dos capítulos
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Design do livro
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Desenvolvimento dos personagens
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Escrita da obra
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Descrição das cenas