Hoje trazemos a nossa review de Metroid Dread, o mais novo e último capítulo da franquia principal da caçadora de recompensas mais famosa da Nintendo, Samus Aran. Lançado agora, no último dia 8 de Outubro, Metroid Dread tem sido uma explosão de vendas e elogios, mas também de comentários sobre sua elevada dificuldade e falta de receptividade com jogadores novos na franquia. Projeto que demorou 15 anos, fomos conferir de perto, e após concluir 100% do game, segue a nossa análise sincera sobre o game!
História
Declarado o capítulo final da saga, Metroid Dread leva Samus Aran ao misterioso planeta ZDR. Uma gravação feita no local mostrava a existência do terrível x parasite, e as sondas enviadas para investigar, os robôs de exploração e coleta de amostras, E.M.M.I., simplesmente pararam de responder após aterrissar no local. Samus sendo a única criatura conhecida imune ao parasita e com capacidade de luta, é então enviada.
Logo de chegada, a caçadora de recompensas é atacada por um chozo (raça de avianos, mesmos que a adotaram após a extinção de seu planeta) misterioso e desperta nas profundezas de ZDR sem nenhum de seus upgrades, precisando fazer o caminho de volta rumo a sua nave, enquanto tenta sobreviver e descobrir os segredos sombrios e apavorantes que dão o nome ao game.
Jogabilidade
Os já familiarizados com a franquia Metroid vão imediatamente se sentir em casa. À princípio, não há nenhuma novidade, mudança radical na jogabilidade nem qualquer outro elemento que não seja simplesmente Metroid (isso vem depois). Mas, para os iniciantes, o game não passará como algo estranho onde se fica completamente perdido, como se têm falado, na verdade a jogabilidade básica do game é organicamente ensinada, seja pelas mensagens de Adam seja simplesmente prestando atenção nas cinemáticas. Desde os famosos blocos quebráveis até fraquezas de chefes, tudo fica bem claro ao jogador, e de forma simples, como dito. O game não pausa o tempo todo para ensinar uma nova mecânica, estes tutoriais simplesmente fluem como se nem estivessem ali.
Muito de Samus Return’s, remake do segundo game da franquia, foi aproveitado aqui, como a fluidez e velocidade na movimentação de Samus, que corre bem mais rápido, se pendura em beiradas, posição na qual ainda pode assumir a morph ball.
Outro elemento que retorna e é muito bem vindo é o contra-ataque com o canhão. Samus pode golpear seus inimigos com a arma, causando dano e assumindo imediatamente uma postura de disparo ao vir correndo, além de poder rebater ataques específicos no momento exato para causar mais dano e ganhar mais itens. A mesma mecânica também é a chave para enfrentar todos os chefes, sendo que muitos só passam para uma próxima fase do confronto após terem um movimento específico rebatido no timming exato.
Backtracking perfeito: O principal elemento que dá a graça da saga e que ficou de fora de Samus Return’s também felizmente retornou: a quantidade absurda de backtracking. Serão incontáveis as vezes que será preciso retornar e explorar áreas anteriores após adquirir uma nova habilidade, não apenas atrás de mais mísseis e tanques de energia, como o remake fracassou, mas sim para progredir na história. Um dos elementos essências de qualquer metroidvania, e que aqui não só é executado à excelência, como vai muito além. O mundo de Metroid Dread é vivo e reage às ações da heroína e de seus inimigos. Caminhos antes abertos se tornam bloqueados, a temperatura dos ambientes pode mudar, os inimigos podem se tornar mais poderosos. Vários acontecimentos obrigam o jogador várias vezes a procurar novas rotas mesmo quando ele já possuía as habilidades necessárias para atravessar determinados pontos, enviando o gênero para um novo patamar. Adicione a isso um vasto sistema de locomoção e se tem um jogo onde você não cansará de explorar, pois, não somente os clássicos elevadores estão aqui, mas, também bondes para viagens entre áreas lado a lado e teleportes que unem as mais variadas partes do mapa. Um dos pontos em que um metroidvania costuma falhar é justamente em obrigar o jogador a percorrer enormes caminhos repetidamente e cansativamente, mas, aqui, a agilidade da heroína, a enorme clareza de informações e interatividade do mapa e todos estes meios de transporte permitem que se chegue facilmente a qualquer lugar, não tirando nenhum pouquinho o gosto pela exploração e por continuar o “vai e vem” pelas áreas a cada nova habilidade ou mudança inesperada nos cenários.
E.M.M.I.s, o “dread” de Metroid: Fortemente divulgados durante as campanhas de marketing, os E.M.M.I.s, ou Extraplanetary Multiform Mobile Identifiers, são todo o terror que prometeram e que escreve “pavor” no título do game. Enviados para explorar ZDR e nunca mais respondendo, Samus os encontrará reprogramados, com um instinto assassino e uma misteriosa e aterrorizante fixação pela heroína. Por algum motivos os robôs praticamente indestrutíveis querem Samus morta à qualquer custo, e ser descoberto por um deles iniciará uma sessão de perseguição cheia de tensão e adrenalina. Ser pego não significa o fim, mas a janela para um contra-ataque é tão pequena que praticamente é questão de sorte. Pior que isso, Samus precisa encontrar formas de eliminar cada um deles, pois os robôs estão com upgrades essenciais para o seu traje.
Mais incrível ainda, é o fato de que os stalkers são apenas um elemento à mais no game. Diferente do que parecia no começo, o jogo não gira em torno deles, e isso é genial. Ainda há todo um jogo, uma história e um mapa absurdamente grande para ser explorado e resolvido, e no meio disso tudo existe esta mecânica, este elemento novo que não substitui nada, mas sim acrescenta uma camada extra para se divertir (ou se apavorar).
Os chefes: A Mercury soube trabalhar muito bem o que aprendeu criando as lutas entre Samus e as várias evoluções dos metroids em Samus Return’s, e se lá as batalhas já eram divertidas, apesar de repetitivas, aqui elas são puro prazer e desafio. Desde inimigos clássicos que retornam, como o gigantesco Kraid, agora uma espécie de escravo do novo e misterioso inimigo da caçadora, até criaturas totalmente novas, temos combates fascinantes que vão exigir toda a habilidade do jogador. Não vou mentir, as batalhas são REALMENTE difíceis, mas são tão divertidas, e a sensação de aprender um pouco mais de cada inimigo após cada derrota, alinhado ao prazer quando finalmente se derrota um deles, faz com que não se queira parar até ter superado aquele chefe que parecia simplesmente indestrutível.
E eles não se limitam mais a criaturas gigantes com padrões de ataque definidos. Soldados chozo também surgirão no caminho de Samus, proporcionando lutas extremamente velozes e tensas, dado o fato de possuírem praticamente os mesmos equipamentos e habilidades que ela, em versões melhores, trazendo batalhas contra chefes que nos fazem parecer estar numa “versão mortal de Super Smash“.
E para dar mais adrenalinas, muitas sessões se tornam verdadeiras sequências cinematográficas ao se acertar um contra-ataque no momento certo, com ataques e finalizações que dão um verdadeiro festival na tela, lembrando games como God of War, mas sem os terríveis e imensos botões de QTE na tela. Aliás, outro detalhe, os avisos de contra-ataque são extremamente sutis, não atrapalhando a imersão e exigindo ainda mais a atenção do jogador, se resumindo a pequenos sons e efeitos mínimos.
Música
Metroid sempre se focou em sons ambientes, e isso não muda. Não há aqui nenhuma música épica demais que você irá querer ouvir depois, mas, sim, uma bela coleção de melodias que adiciona atmosfera a cada cenário, fazendo com que você sinta exatamente a energia de cada local. Fora isso, os clássicos sons das salas de save retornam trazendo pura nostalgia, e a trilha psicótica que acompanha os E.M.M.I.s tornam a situação ainda mais aterrorizante.
Gráficos
Metroid Dread não decepciona nenhum pouco no quesito visual e é um dos games mais bonitos do Nintendo Switch destes últimos tempos. A modelagem dos personagens e cenários é impecável, a iluminação e as sombras, juntas ao nível de detalhe colocado nos fundos das áreas são de tirar o fôlego, nos fazendo imaginar o que mais há naquele mundo 3D em que percorremos apenas uma linha 2D, e talvez apenas em alguns momentos em que a câmera se aproxima demais de alguns detalhes ou texturas mais orgânicas, como a pele de alguns monstros em cinemáticas, é que a qualidade se torne um pouco baixa, mas nada que tire a qualidade do game. As luzes no traje de Samus, os reflexos e a luz vinda das janelas do elevador, tudo é extremamente belo.
Replay
Como todo Metroid, Dread possui um bom fator replay. Além de desbloquear novas dificuldades, o game conta com uma galeria de gravuras colecionáveis, outra ideia vinda de SR’s, além do sempre desafio de se bater o game novamente no menor tempo possível para ver as diferentes animações de gratificação de Samus.
Fora isso, os 100% do game, a coleta de todos os itens, vai liberando uma outra série de gravuras que mostra os acontecimentos de ZDR antes do início do jogo, e conta com uma última arte secreta só liberada ao se coletar tudo.
O game ainda conta com vários atalhos para aqueles que conhecem velhos truques como “voar com a bomba”, antigos glitches que se tornaram elemento permanente na franquia, e há inclusive uma eliminação secreta de chefe que pode ser realizada ao “quebrar” o roteiro do game e obter determinado item antes do momento programado.
Considerações Finais
Metroid Dread definitivamente ficará para a história como um dos melhores jogos da franquia, do Nintendo Switch, e também de seu tempo. Abraçando tudo o que a franquia já criou de melhor e adicionando mecânicas novas e qualidade de vida extremamente bem-vindas, tudo isso alinhado ao poder de um console potente, após anos em portáteis, permitiu finalmente a criação de um game que pode bater de frente com o lendário Super Metroid, e eu sinceramente não sei dizer qual deles é melhor, quando antes a comparação com qualquer outro sempre daria a vitória para o título do Super Nintendo.
Finalizando a saga com uma história sombria, trágica e completamente inesperada, sua trama também é contada de forma impecável e termina com uma profunda sensação do que será de Samus e seu legado de agora em diante.
Nota Final: 10/10
Descrição
“A história de Samus continua após os eventos do jogo Metroid Fusion, quando ela aterrissa no planeta ZDR para investigar transmissões misteriosas enviadas à federação galáctica. Esse planeta remoto foi tomado por perversas criaturas alienígenas e horripilantes ameaças mecânicas. Samus está mais ágil e hábil do que nunca, mas será que ela consegue superar a ameaça inumana que acomete as profundezas de ZDR?”.
Metroid Dread encontra-se disponível para Nintendo Switch.
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