“Segurar a mão de Eleanor era como segurar uma borboleta. Ou um coração a bater. Como segurar algo completo, e completamente vivo”
A obra de Rainbow Rowell é apaixonante da capa ao ponto final. Do mesmo modo que a sinopse propagandeia o livro, possuímos diversos sentimentos mistos enquanto acompanhamos o enredo; sendo uma leitura vintage por se passar nos anos 80.
No livro acompanhamos os vizinhos adolescentes de 16 anos: Eleanor, uma garota ruiva e diferente de suas colegas de época; e Park, um rapaz de descendência coreana. Ambos se conhecem no clássico clichê do ônibus escolar, no qual Eleanor causa um impacto por não ser o padrão da época e Park está perdido em suas músicas que soam nos fones de ouvido. O rapaz que não se simpatizava muito com a garota, após se conhecerem melhor e perceberem que compartilham o mesmo gosto para músicas e histórias em quadrinhos, começam a se aproximar e florescer uma amizade.
Rowell é uma autora paciente e que nos traz com naturalidade o desenvolver de um relacionamento que não iniciou de forma atrativa nas aparências de um ao outro, queremos dar aquela famosa “mãozinha” para ajudar ambos. Tanto Eleanor quanto Park conseguem fugir um pouco do clichê, por ambos serem as pessoas que nas obras mais populares seriam rotulados como “coadjuvantes sem graça”; são aqueles que sofrem preconceito, dificuldades e que precisam de um ao outro como ombro amigo.
Também podemos notar o contraste das famílias vizinhas. Os familiares de Park são o exemplo da família e vida perfeita, começando por seu irmão Josh que é muitíssimo pouco explorado no decorrer da obra e seus pais que são um casal extremamente apaixonado um por outro, sendo seu pai um ex-militar estadunidense e sua mãe que veio da Coreia. Já na casa de Eleanor é totalmente ao contrário, já que seus irmãos não se importam com ela, sua mãe é totalmente submissa e sem voz em sua residência enquanto o padrasto é totalmente abusivo com todos.
“Ele parou de tentar trazê-la de volta. Ela só voltava quando bem entendia, em sonhos e mentiras e déjà-vus partidos”
O romance é muito bem elaborado, mostrando o início de uma amizade que foi se tornando uma paixão. Leve, autêntico e realista.
Durante a leitura é fácil recordar de nossas primeiras paixões da adolescência, com borboletas no estômago e o coração palpitando parecendo que vai saltar da boca. Com capítulos curtos, sendo narrados ora por Park e ora por Eleanor, nos ajuda no momento da interação da leitura para podermos entender o que se passa com cada um em cada momento, juntos ou separados.
Existe um momento no livro que vemos uma frase pela parte de Park que nos faz compreender a relação deles e de como devemos enxergar o amor: “não tinha boa aparência. Era como uma obra de arte, e arte não deve ter boa aparência, mas sim fazer a gente sentir alguma coisa”. O amor é deste modo: não necessariamente belo e perfeito, mas sim, estranho com que te faz lembrar do porque se apaixonar pela pessoa em diversos momentos.
O livro de Rainbow Rowell, Eleanor & Park, pode ser encontrado em diversas livrarias e plataformas online por todo o Brasil.